Aqui vamos discutir uma importante questão: será que a Inteligência Artificial (IA) está nos aproximando ou nos afastando da resolução das diferenças relacionadas ao gênero, raça, idade e contextos socioeconômicos?
De acordo com um relatório chamado “Panorama de Talentos em Tecnologia 2023”, elaborado pela Google For Startups, o mercado de tecnologia recebeu uma nota de 2,6 numa escala de 1 a 5, em relação à existência de diversidade nas startups. Isso significa que apenas 15% dos entrevistados consideram as empresas completamente diversas.
Segundo o mesmo estudo, 57% das startups enxergam o mercado de tecnologia como excludente para mulheres e, logo em seguida, temos 55% das startups apontando a exclusão racial nesse setor. Além disso, quando analisamos a questão da idade e as oportunidades disponíveis, 78% das startups afirmam haver um afastamento entre os jovens brasileiros e as bases do conhecimento para a área tecnológica.
É evidente que ainda precisamos discutir essas disparidades persistentes. Em seu artigo “Por que as mulheres utilizam menos IA em comparação aos homens?”, Bianca Seabra destaca a importância de entender quais fatores devem ser revisados para não ensinarmos à IA os mesmos erros cometidos atualmente.
Levando em conta que o aprendizado da IA é resultado de estudos, estatísticas, comportamentos humanos, práticas estratégicas e dados disponíveis online – sendo processados e alimentados por pessoas com suas próprias experiências -, temos algumas medidas importantes a serem tomadas:
– Precisamos enriquecer a web com conteúdos diversos, questionadores, inclusivos, provocativos, científicos e multifacetados.
– Devemos garantir variedade e diversidade entre os profissionais que alimentam os dados da web, tendo em conta suas múltiplas experiências, vivências, cores e contextos socioculturais, políticos e econômicos.
O problema reside na base do conhecimento: ela precisa ser diversa para que os dados gerados também tenham origens variadas. É fundamental prestarmos atenção às oportunidades que são criadas e às pessoas que ocupam esses espaços. Só conseguiremos diferentes perspectivas se os envolvidos nos processos de questionamento, produção e disseminação da tecnologia forem também diversos em termos de status social e histórico.
Precisamos ter consciência de que, se não alterarmos imediatamente o contexto social em que vivemos, nos distanciaremos cada vez mais da resolução das diferenças associadas ao gênero, raça, idade e contextos socioeconômicos.
Portanto, é necessário um compromisso imediato para garantir a equidade da diversidade na formação contínua, no mercado de trabalho e nas tomadas de decisão. Afinal de contas, a partir desta geração em diante todas as outras estarão profundamente impactadas pela IA.
