Published on novembro 14, 2023, 7:43 pm
A campanha eleitoral na Argentina está fazendo história ao usar a inteligência artificial (IA) em larga escala, especialmente na produção de vídeos que se tornaram virais nas últimas semanas em redes sociais como Instagram, TikTok e YouTube.
De acordo com fontes da campanha do peronista Sergio Massa, ferramentas de IA são essenciais para a equipe de estrategistas que assessora o candidato. Essa equipe é formada por brasileiros, americanos e espanhóis. Já as fontes da campanha do candidato da direita radical Javier Milei negaram o uso da IA, mas admitiram que sistemas populares atualmente são usados por apoiadores do líder do partido A Liberdade Avança.
A utilização dessas tecnologias tem sido objeto de polêmica durante a campanha. Um exemplo disso é um vídeo lançado pela campanha de Massa sobre o afundamento do cruzador ARA Belgrano durante a Guerra das Malvinas. No vídeo, soldados argentinos aparecem na embarcação e a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher dá a ordem de ataque. O vídeo termina com uma mensagem contra os líderes que admiram seus inimigos.
Outro exemplo é um vídeo produzido por seguidores de Milei no qual o candidato peronista aparece cheirando cocaína. A acusação da campanha de Massa é que esse vídeo foi criado usando deepfake, uma técnica que manipula vídeos ou áudios para parecerem genuínos.
O uso de deepfakes nas campanhas políticas levanta preocupações sobre sua influência na opinião pública. Segundo especialistas, as deepfakes podem afetar a credibilidade das instituições e levar à “anarquia informacional”.
É importante destacar que, apesar da popularização dessas ferramentas de IA, é necessário um marco regulatório para seu uso. Até agora, os avanços nesse sentido têm sido limitados em diversos países.
No Brasil, por exemplo, existe um projeto de lei que busca tipificar como crime a divulgação de deepfakes durante o período eleitoral. Essa iniciativa visa resguardar o eleitorado contra informações enganosas que possam difamar candidatos ou influenciar fraudulentamente o resultado das eleições.
A utilização da IA nas campanhas políticas traz desafios éticos e legais que precisam ser enfrentados. É preciso encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e os limites necessários para evitar abusos e manipulação da opinião pública. A regulação adequada dessas tecnologias é essencial para garantir a integridade dos processos democráticos.