Published on novembro 2, 2023, 6:45 pm
No dia 4 de novembro é comemorado o Dia da Favela, uma data importante que reconhece a realidade e as conquistas dos moradores dessas comunidades. Sabemos que as favelas enfrentam muitas dificuldades, mas também são locais de resiliência e empreendedorismo.
A celebração do Dia da Favela tem origem na Central Única das Favelas (CUFA), que foi fundada em 1900. Nessa época, o delegado Dr. Enéas Galvão utilizou a palavra “favela” para descrever o Morro da Providência de forma negativa. Os moradores decidiram transformar essa atitude em um motivo de reconhecimento, valorizando o lugar onde vivem.
Atualmente, existem no Brasil 423 favelas e cerca de 17,9 milhões de habitantes nessas comunidades. Se todas as favelas fossem consideradas um estado, teriam a sexta maior massa de renda do país. Os moradores movimentam aproximadamente R$ 202 bilhões por ano, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Essa alta movimentação econômica incentiva os moradores das favelas a terem um desejo em comum: empreender. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva, 35% dos entrevistados querem ter seu próprio negócio, enquanto outros 12% desejam passar em um concurso e 10% buscam um emprego.
O presidente do Data Favela, Renato Meirelles, destaca que empreender significa não ter que depender de chefes e oportunidades limitadas. Muitos moradores das favelas tiveram que enfrentar preconceitos e se humilhar para conseguir um emprego, muitas vezes com remuneração mínima. Por isso, eles veem o empreendedorismo como uma forma de mudar essa realidade e realizar seus sonhos.
Hoje em dia, cerca de 50% dos moradores de favela são empreendedores, totalizando 5,2 milhões de pessoas. Desses, apenas 37% possuem CNPJ. Os tipos de negócios mais comuns nas favelas são restaurantes, lanchonetes, cuidados com beleza/saúde/estética, comércio/manutenção de roupas e revenda de produtos cosméticos/comunicação e mídia social/limpeza/sorveteria.
É interessante notar que muitos moradores das favelas que pretendem abrir um negócio desejam fazê-lo dentro da própria comunidade. Isso acontece porque empreender na favela significa estar conectado à família e transformar amigos e vizinhos em clientes. Essa é uma estratégia eficaz para fazer com que o negócio cresça rapidamente e contribua para o desenvolvimento econômico da favela.
Apesar do empreendedorismo ser uma alternativa para melhorar a qualidade de vida nas favelas, ainda há muitos desafios a serem enfrentados nesses locais. Segundo a pesquisa, as maiores preocupações dos moradores são segurança (27%), melhores condições de habitação/moradia (19%) e infraestrutura (15%). Outras preocupações incluem saúde, lazer, educação, respeito e transporte.
Em comemoração ao Dia da Favela, será realizado nos dias 3 e 4 de novembro o “Slum Summit”. O evento, promovido pela G10 Favela em parceria com a Prefeitura de São Paulo, terá como tema principal “Empreender Liberta” e abordará temas como moda, desafios logísticos nas favelas e empreendedorismo nos territórios periféricos.
Além dos shows de diversos artistas, o evento proporcionará reflexões sobre a importância das favelas na sociedade. A presidente do G10 Favela, Gilson Rodrígues, destaca a potência e a resiliência dos moradores de favela como aprendizados para toda a sociedade.
Outro destaque relacionado à data é a Semana da Favela, que ocorre entre os dias 4 e 10 de novembro. Neste ano, a CUFA escolheu o sambista Zeca Pagodinho como homenageado