Published on novembro 10, 2023, 2:44 pm
A Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do Prêmio Jabuti, decidiu desclassificar a edição de “Frankenstein” na categoria de Ilustração. A razão para essa exclusão é o uso de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) na criação das imagens. Essa decisão levanta discussões sobre o uso da IA na produção artística e os direitos autorais.
De acordo com a CBL, o regulamento do prêmio não contemplava a avaliação de obras feitas com auxílio da IA. Por isso, a curadoria teve que deliberar sobre esse caso inédito. A organização destacou ainda que irá discutir a inclusão das ferramentas de IA nas regras para futuras edições do prêmio.
Vicente Pessôa, responsável pelas ilustrações de “Frankenstein”, utilizou a ferramenta de IA Midjourney para criar as imagens. O livro foi publicado pelo Clube de Literatura Clássica e estava entre os indicados ao Jabuti junto com outros ilustradores renomados.
A revelação de que as ilustrações foram parcialmente criadas por meio da IA causou controvérsia. André Dahmer, cartunista e membro do júri do prêmio, expressou em uma rede social seu desconhecimento sobre o uso da IA no livro. Ele afirmou que teria avaliado a obra de forma diferente se soubesse da coautoria da IA. Dahmer ressaltou também que não houve má fé na inscrição do livro, mencionando que a coautoria entre “Vicente Pessôa e Midjourney” estava presente na ficha catalográfica.
Os finalistas das diferentes categorias do Prêmio Jabuti serão anunciados em 21 de novembro, e a cerimônia de premiação está prevista para 5 de dezembro no Theatro Municipal de São Paulo, com transmissão online. A desclassificação de “Frankenstein” abre um importante precedente para a discussão sobre o papel da IA na criação artística e literária, um tema que se tornará central nas próximas edições do prêmio.