Published on outubro 27, 2023, 6:14 am
Preocupado com o avanço acelerado da inteligência artificial, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta quinta-feira, 26, a formação de um grupo consultivo multilateral. Esse grupo terá como objetivo apresentar propostas para a governança das novas tecnologias de IA, buscando maximizar seus benefícios e diminuir os riscos.
Antes mesmo de imaginar o potencial transformador da IA para o bem, é importante ressaltar que as economias em desenvolvimento podem se beneficiar muito dessa tecnologia. Elas têm a oportunidade de alcançar um salto tecnológico e oferecer serviços diretamente às pessoas que mais precisam. Essa é uma perspectiva positiva apresentada por Guterres.
No entanto, também existem riscos associados ao avanço da IA. A disseminação de desinformação, o estabelecimento de preconceitos e discriminação, além de questões relacionadas à vigilância, invasão de privacidade e fraudes são preocupações levantadas pelo secretário-geral. Além disso, Guterres ressalta que a IA pode minar a confiança nas instituições e ameaçar a coesão social e até mesmo a democracia.
Outro risco mencionado por Guterres é que a IA possa intensificar as desigualdades mundiais e aumentar as lacunas digitais entre os países. Até agora, essa tecnologia tem sido dominada por poucos países, o que pode levar a um maior fosso entre nações.
Um exemplo impressionante do potencial da IA foi dado pelo próprio secretário-geral. Ele comentou que teve uma “experiência surreal” ao ouvir a si mesmo falando em chinês perfeitamente, mesmo não sabendo uma única palavra desse idioma. Esse exemplo ilustra as incríveis possibilidades e também os perigos potenciais da IA.
Guterres destaca a importância de utilizar as tecnologias de IA de maneira responsável e acessível para todos. Em ocasiões anteriores, ele já havia apelado aos países-membros da ONU para criarem barreiras de segurança e controle dessas novas tecnologias, seguindo o modelo adotado no setor nuclear.
O grupo consultivo formado pela ONU será composto por especialistas de diversas áreas, incluindo administração pública, setor privado, comunidade tecnológica, sociedade civil e academia. Esses especialistas serão responsáveis por estudar como conectar as diferentes iniciativas de controle da IA que já estão em andamento. O objetivo é formular recomendações sobre governança internacional da IA e promover uma compreensão compartilhada dos riscos, desafios e oportunidades associados. Tudo isso busca acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento (ODS).
As recomendações do grupo consultivo servirão como base para os debates na Cúpula do Futuro, marcada para setembro de 2024. Além disso, essas recomendações também serão consideradas nas negociações sobre um possível Pacto Mundial Digital.
Em resumo, a preocupação com os avanços da inteligência artificial se faz presente em todo o mundo. É fundamental buscar formas eficientes de governança dessas novas tecnologias, para que possamos aproveitar todos os benefícios que elas podem oferecer, ao mesmo tempo em que mitigamos seus riscos.