Published on outubro 12, 2023, 9:45 pm
O lançamento do ChatGPT fez com que a inteligência artificial generativa se tornasse um dos assuntos mais comentados quando se trata de tendências e mudanças para os próximos anos. Essa popularidade é compreensível, uma vez que essa nova tecnologia reduz custos tanto no processo de resolução de problemas quanto na cognição humana.
Segundo Karim Lakhani, professor da Harvard Business School e especialista em gestão de tecnologia, inovação, transformação digital e inteligência artificial, as IAs generativas são consideradas “tecnologias de fundação” devido ao seu potencial para provocar mudanças significativas na vida humana e oferecer múltiplas aplicações.
Podemos comparar essa situação com o impacto da internet, que revolucionou a forma como nos comunicamos por meio dos computadores. A internet conseguiu reduzir o custo da transmissão de informações para praticamente zero, abrindo caminho para um mundo digital que hoje é parte integrante das nossas vidas.
No caso da inteligência artificial generativa, o que está sendo reduzido é o custo da cognição e da resolução de problemas. Isso representa uma mudança radical porque permitirá igualar níveis de desempenho em diversas áreas. É uma democratização. A IA generativa terá um impacto especialmente significativo nos trabalhadores do setor do conhecimento.
Lakhani destaca que a grande popularidade em torno da IA generativa se deve ao fato dela já ter diversos casos de uso e vantagens mais evidentes em comparação, por exemplo, à tecnologia blockchain. Apesar dessa última também ser considerada uma tecnologia fundamental, sua disseminação e incorporação têm levado mais tempo.
“Em comparação, a IA generativa já está sendo amplamente utilizada em vários casos. O hype mudou. Claro que ainda existem problemas, como os vieses, por exemplo. Mas eu comparo isso com a criação do automóvel: os primeiros modelos eram horríveis e não funcionavam corretamente. Com o tempo, essa tecnologia revolucionou o mundo. Acredito que estamos vivendo uma situação semelhante, com a inteligência artificial generativa sendo recém-inventada e agora precisamos torná-la mais eficiente, criar infraestrutura e reduzir os vieses. Tudo isso leva tempo”, ressalta o pesquisador.
Uma das vantagens apontadas por Lakhani no uso de ferramentas como o ChatGPT é a capacidade de realizar tarefas de forma mais rápida e eficiente, impulsionando o desempenho das atividades realizadas. No entanto, ele também destaca que ainda não sabemos em quais áreas específicas a IA generativa é realmente boa ou ruim. Por exemplo, em matemática, ela comete muitos erros e apresenta pior desempenho na análise de entrevistas.
No entanto, as pessoas criativas são as que podem se beneficiar mais dessa tecnologia, pois ela proporciona um impulso no desempenho para quem sabe usá-la adequadamente. Além disso, indivíduos marginalizados também podem aproveitar as oportunidades de desenvolver novas habilidades com a ajuda da inteligência artificial generativa. Essas ferramentas encurtam as curvas de aprendizado.
De acordo com as pesquisas realizadas pelo professor Lakhani, a IA generativa teve os melhores resultados na criação de novas ideias e no ranqueamento de informações, enquanto teve um desempenho mais fraco em tarefas de análise e identificação de erros. Portanto, é provável que seu uso seja cada vez mais intenso nas indústrias que exigem a resolução de problemas.
No entanto, Lakhani avalia que a adoção da IA pelos trabalhadores ainda está abaixo do ideal. Embora muitos reconheçam sua importância e acreditem em mudanças nos próximos três anos, poucos realmente a utilizam diariamente. Existe um gap entre o conhecimento sobre as potencialidades da IA generativa e a aplicação prática no dia a dia. Para o professor, é necessário superar esse medo do desconhecido e dedicar tempo para aprender.
A resistência em relação à tecnologia também envolve preocupações quanto à relevância no cotidiano e o receio de ser substituído por ela. No entanto,