Published on outubro 13, 2023, 2:45 am
O lançamento do ChatGPT fez com que, de repente, a inteligência artificial generativa se tornasse o centro das discussões sobre tendências e mudanças para os próximos anos. Essa popularidade não é à toa, já que essa nova tecnologia reduz tanto os custos para resolver problemas como também para a nossa própria cognição.
Quem faz essa avaliação é Karim Lakhani, professor da Harvard Business School e especialista em gestão de tecnologia, inovação, transformação digital e inteligência artificial. Segundo ele, as IAs generativas são consideradas “tecnologias fundamentais”, ou seja, têm o potencial de mudar completamente certos aspectos da vida humana e abrir caminho para diversas aplicações.
É parecido com o caso da internet, que “mudou a forma como nos comunicamos por meio dos computadores”. Na prática, a internet “zerou” o custo da transmissão de informações, abrindo espaço para a criação de todo um mundo digital que hoje parece sempre ter existido.
No caso da inteligência artificial generativa, o que está sendo reduzido é o “custo da cognição”, ou seja, resolver problemas. Isso causa um impacto enorme porque pode nivelar o desempenho em diferentes áreas. É uma democratização. A IA generativa afetará principalmente os trabalhadores do setor do conhecimento.
Para Lakhani, a grande popularidade em torno da IA generativa vem do fato de ela já possuir diferentes casos de uso e vantagens mais evidentes em comparação com outras tecnologias fundamentais como blockchain. Embora ambas sejam tecnologias fundamentais, o blockchain levou mais tempo para se disseminar e ser adotado.
“A IA generativa não está demorando para mostrar resultados, com vários casos de uso surgindo. O hype mudou. Claro que ela ainda apresenta problemas, como os vieses, por exemplo. Mas eu comparo ao desenvolvimento do automóvel: os primeiros modelos eram horríveis e não funcionavam. Com o tempo, essa tecnologia mudou o mundo. Acredito que seja um caso similar, a inteligência artificial generativa acaba de ser inventada e agora precisamos torná-la mais eficiente, criar infraestrutura e diminuir os vieses. Isso demandará tempo”, lembra o pesquisador.
A vantagem de usar ferramentas como o ChatGPT, segundo Lakhani, é a capacidade de realizar tarefas de forma mais rápida e eficiente, resultando em uma melhoria no desempenho. E isso é ainda mais vantajoso para aqueles que já possuem habilidades acima da média em suas áreas de atuação.
No entanto, o professor afirma que ainda não sabemos exatamente em quais áreas a IA generativa tem seu melhor desempenho. Por exemplo, ela comete muitos erros em cálculos matemáticos e análise de entrevistas apresenta péssimo desempenho. É preciso ter cuidado porque nem mesmo os criadores sabem exatamente onde essa tecnologia se destaca ou falha.
“Mas o maior benefício é para as pessoas criativas, que agora podem impulsionar seu desempenho se souberem utilizar essas ferramentas e também para aquelas que foram marginalizadas e têm a chance de adquirir novas habilidades. Na prática, são ferramentas que encurtam a curva de aprendizado”, explica o pesquisador.
De acordo com as pesquisas, o uso de inteligência artificial generativa apresentou melhores resultados quando foi necessário criar novas ideias ou classificar informações. Já teve pior desempenho em tarefas que envolvem análise e identificação de erros. Por isso, Lakhani aposta em um maior uso dessa tecnologia nas indústrias que demandam a solução de problemas.
No entanto, ele avalia que os trabalhadores ainda não adotaram essa tecnologia na medida ideal. Pesquisas feitas pela equipe de Lakhani mostram que, em geral, 90% dos trabalhadores afirmam ter utilizado alguma forma de inteligência artificial generativa e cerca de 70% acreditam que ela irá mudar seus empregos nos próximos três anos. No entanto, apenas 10% afirmam utilizá-la diariamente.
“Existe uma lacuna entre o conhecimento e a prática dos profissionais. Eles
