A indústria enfrenta um grande desafio: superar a imagem de ser “quadrada” e incorporar cada vez mais tecnologia e inovação em seus processos. Desde automação até o uso de realidade aumentada, tem havido uma crescente demanda por inteligência artificial no setor industrial.
Um exemplo dessa tendência é a empresa gaúcha Pix Force, sediada em Porto Alegre, que há sete anos utiliza IA para analisar e interpretar imagens, sejam fotos ou vídeos, com o objetivo de facilitar o trabalho em fábricas e plantas industriais. Um dos produtos desenvolvidos pela empresa é capaz de mapear, em tempo real, se os funcionários estão utilizando equipamentos de proteção individual. Em outro serviço oferecido pela Pix Force, é possível enviar fotos e a inteligência artificial faz a contagem do volume, possibilitando a gestão do estoque e dos produtos.
Embora seu foco seja projetos personalizados para clientes, nos últimos meses a Pix Force lançou produtos que podem ser facilmente instalados em diferentes setores industriais. A ideia é atender à demanda crescente por tecnologia de inteligência artificial nesse mercado. Esses esforços já estão refletindo no crescimento da empresa, que registrou uma receita de 8 milhões de reais no ano passado. Agora, o objetivo é aumentar esse número em 50% até 2023, alcançando 12 milhões de reais.
A Pix Force desenvolveu vários produtos inovadores para atender às necessidades do mercado. Um dos lançamentos mais recentes é o Pix Safety, que realiza a interpretação em tempo real das imagens captadas por câmeras de segurança para identificar desvios de padrão, como funcionários em áreas proibidas ou que não estejam utilizando os equipamentos de proteção necessários. A empresa utiliza as câmeras já existentes nas empresas, transformando-as em sensores inteligentes focados na segurança do trabalho.
Outro produto desenvolvido pela Pix Force é o Pix Docs, que utiliza inteligência artificial para extrair dados de documentos e identificar padrões automaticamente. Com isso, é possível localizar rapidamente informações como RG, endereço e número de unidade em faturas de luz, por exemplo.
Além desses dois produtos, a Pix Force também possui tecnologias que permitem contabilizar itens a partir de uma imagem e identificar avarias e defeitos em produtos por meio de câmeras. A ideia não é substituir as pessoas nessas atividades, mas sim remover o trabalho cansativo, repetitivo e perigoso dos seres humanos.
A história da Pix Force começou em 2015 com os sócios-fundadores Renato Gomes e Daniel Moura. Após se conhecerem em um casamento, tiveram a ideia de criar um negócio no setor industrial. Inicialmente pensaram em utilizar drones para fazer inspeções, mas enfrentaram dificuldades para competir com a forte concorrência chinesa nesse segmento. Foi então que surgiu a ideia de usar tecnologia para realizar a leitura automática de informações captadas pelas imagens dos drones e outros equipamentos.
A empresa conta com clientes renomados como Petrobras, CPFL, Cemig e Shell. Com uma receita projetada de 12 milhões de reais até 2023, o objetivo da Pix Force para o próximo ano é consolidar os produtos lançados recentemente e aumentar sua escala de atuação. Isso resultará em um aumento significativo na receita.
Para 2024, a startup planeja expandir ainda mais suas operações e está buscando uma nova rodada de investimentos para consolidar seu processo de internacionalização. A meta é captar entre R$15 milhões e R$20 milhões, tanto no Brasil quanto no exterior. A maior parte dos recursos será direcionada para marketing e vendas, enquanto o restante será utilizado para otimizar a plataforma interna da Pix Force voltada ao desenvolvimento de IA. Com esses planos ambiciosos, a empresa espera continuar sendo uma referência em inteligência artificial no setor industrial.
