A Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do Prêmio Jabuti, divulgou a desclassificação da edição de “Frankenstein” na categoria de Ilustração. O motivo dessa exclusão é o uso de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) na criação das imagens.
Essa decisão levanta discussões sobre o uso da IA na produção artística e os direitos autorais. A CBL explicou que o regulamento do prêmio não contemplava a avaliação de obras produzidas com auxílio da IA, o que gerou a necessidade de deliberação por parte dos curadores. A inclusão das ferramentas de IA nas regras será discutida para as próximas edições do prêmio.
Vicente Pessôa, responsável pela ilustração do livro “Frankenstein”, utilizou a ferramenta de IA Midjourney para criar as imagens. Essa obra, publicada pelo Clube de Literatura Clássica, estava entre os indicados ao Jabuti. Pessôa competia com outros ilustradores renomados como André Neves e Bruna Ximenes.
A revelação de que parte das ilustrações foram criadas por uma IA gerou controvérsia. André Dahmer, cartunista e jurado do prêmio, declarou em uma rede social que desconhecia o uso da IA no trabalho. Ele afirmou que teria avaliado a obra de forma diferente se soubesse da coautoria com a IA. Dahmer também ressaltou que não havia má fé na inscrição do livro e mencionou a menção da coautoria entre “Vicente Pessôa e Midjourney” na ficha catalográfica.
Os finalistas das várias categorias do Prêmio Jabuti serão anunciados em 21 de novembro, e a cerimônia de premiação está prevista para 5 de dezembro no Theatro Municipal de São Paulo, com transmissão online. A desclassificação de “Frankenstein” abre um importante precedente para a discussão sobre o papel da IA na criação artística e literária, um tema que certamente será central nas próximas edições do prêmio.